A tecnologia tem moldado nossas vidas de forma profunda e muitas vezes irreversível. Embora ela traga inúmeras vantagens, também gera novos desafios, incluindo os vícios tecnológicos, que afetam não só a nossa saúde mental, mas também as relações sociais e a qualidade de vida. Como profissionais da saúde, é essencial estar ciente desses impactos e de como abordá-los em nossa prática. Através do cinema, podemos refletir sobre esses desafios e encontrar formas de ajudar nossos pacientes a lidar com o uso excessivo da tecnologia.

O Impacto da Tecnologia na Sociedade: “O Circuito Fechado” (2013)
Sinopse:
Este filme de ficção científica apresenta um futuro distópico onde a humanidade se tornou completamente dependente da tecnologia.
As interações humanas foram substituídas por uma realidade mediada por dispositivos eletrônicos, e as relações interpessoais praticamente desapareceram. O filme é uma crítica à desconexão social provocada pela dependência tecnológica e ao impacto disso nas nossas relações mais íntimas.
Momento Reflexão:
Quando trabalhamos com pacientes que têm vícios tecnológicos, é importante considerar o impacto das redes sociais e dos dispositivos na qualidade das suas interações familiares e sociais. Encorajar atividades offline e promover momentos de desconexão podem ser passos essenciais para restaurar esses vínculos. Isso pode incluir técnicas de mindfulness e incentivo à hobbies que não envolvem o uso de telas.
A reflexão sobre a desconexão social que o filme propõe nos obriga a pensar também no impacto das redes sociais.
Muitas vezes, os pacientes estão tão imersos em um mundo virtual que perdem a capacidade de lidar com situações da realidade de maneira saudável. Em sua prática, você pode focar na importância de criar espaços e momentos de interação sem tecnologia, permitindo que os pacientes se reconectarem com a realidade e com suas relações interpessoais.

O Vício em Jogos: “Pixels” (2015)
Sinopse:
“Pixels” é uma comédia que mistura elementos de ficção científica e ação, mas também aborda de maneira interessante a questão do vício em jogos eletrônicos.
A trama gira em torno de um ataque de “aliens” que tomam a forma de personagens clássicos de jogos de arcade, como Pac-Man e Donkey Kong, mas o filme também oferece uma crítica à maneira como os jogos podem, intencionalmente ou não, fomentar comportamentos viciantes.
Momento Reflexão:
Quando trabalhar com pacientes que têm problemas relacionados ao vício em jogos, é fundamental entender como os mecanismos psicológicos dos jogos funcionam, como recompensas imediatas e gratificação instantânea. Também é importante analisar como os jogos podem ser usados para escapar de problemas emocionais ou sociais.
Oferecer alternativas saudáveis de lazer e interação social, além de estratégias para o gerenciamento do tempo, pode ajudar a reduzir os impactos do vício em jogos.
Além disso, pode ser útil explorar como as práticas da indústria de jogos utilizam elementos de design para maximizar o engajamento dos jogadores, como microtransações e progressão sem fim.
Conscientizar o paciente sobre esses aspectos pode ser um primeiro passo importante para que ele compreenda o que está por trás do seu comportamento de vício.

A Dependência da Tecnologia: “Her” (2013)
Sinopse:
Em “Her”, a história se passa em um futuro onde as relações humanas são mediadas por tecnologia, e o protagonista, Theodore, desenvolve uma relação romântica com um sistema operacional artificial chamado Samantha.
O filme explora a solidão e a falta de conexão emocional entre as pessoas, refletindo sobre como a dependência da tecnologia pode levar ao isolamento e à incapacidade de se conectar genuinamente com outros seres humanos.
Momento Reflexão:
Ao lidar com pacientes que apresentam dependência da tecnologia, é essencial compreender as causas subjacentes, como solidão, ansiedade ou falta de habilidades sociais. Terapias que abordem o uso equilibrado da tecnologia e que incentivem o desenvolvimento de competências interpessoais podem ser eficazes. Além disso, sugerir práticas como terapias de interação humana ou experiências de “desintoxicação digital” podem ajudar os pacientes a encontrar um equilíbrio saudável.
Uma reflexão importante aqui é como as relações digitais estão se tornando cada vez mais comuns e, muitas vezes, mais fáceis do que as relações pessoais. Isso pode criar uma “fuga” para pacientes que têm dificuldades em se conectar no mundo físico, o que, no caso do filme “Her”, resulta em uma distorção emocional e afetiva. Ajudar os pacientes a perceberem a importância da interação humana real é essencial, seja por meio de terapias de grupo, eventos sociais ou outras formas de apoio.

A Ilusão Digital e o Controle: “Matrix” (1999)
Sinopse:
Embora “Matrix” seja um clássico da ficção científica, ele aborda temas que ainda são muito pertinentes quando pensamos no impacto das tecnologias na sociedade.
O filme se passa em um futuro distópico onde a realidade que as pessoas experimentam é, na verdade, uma simulação criada por inteligências artificiais. A trama explora a questão do controle digital e como a tecnologia pode ser usada para manipular a percepção e a realidade das pessoas.
Momento Reflexão:
Ao trabalhar com pacientes que apresentam dependência tecnológica, é importante refletir sobre como a tecnologia pode se tornar uma forma de controle. As “redes” sociais, por exemplo, podem criar um espaço de dependência onde o indivíduo sente que precisa estar constantemente conectado e validado, muitas vezes em detrimento da sua saúde mental. Ajudar o paciente a “despertar” para essa realidade — como no filme, sair da “Matrix” — pode envolver técnicas de conscientização digital e de reflexão crítica sobre o impacto da tecnologia em suas vidas.
“Matrix” vai além da simples dependência da tecnologia; ele nos desafia a pensar sobre a perda de controle sobre nossa própria realidade. Esse filme pode ser uma metáfora poderosa para pacientes que se sentem aprisionados em suas rotinas digitais ou, mais amplamente, em sistemas de crenças e comportamentos impostos pela sociedade ou pela indústria da tecnologia. Ao trabalhar com esses pacientes, é fundamental discutir como a tecnologia pode distorcer a percepção e a interação real com o mundo, ajudando-os a tomar decisões mais conscientes sobre seu uso da tecnologia.
Conclusão
Os vícios tecnológicos não são apenas um reflexo do uso excessivo de dispositivos, mas sim uma transformação cultural e social com impactos profundos na saúde mental e nas relações humanas. Como profissionais da saúde, temos a responsabilidade de compreender os efeitos da tecnologia na vida de nossos pacientes e adotar estratégias eficazes para encontrar um equilíbrio saudável.
Dicas Finais:
- Considere o impacto das tecnologias nas relações sociais e familiares de seus pacientes e incentive atividades que promovam a desconexão e a interação no mundo real.
- Encoraje o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, com foco na autocompaixão, habilidades de comunicação e empatia.
- Esteja atento às estratégias de marketing utilizadas pela indústria de jogos e redes sociais, pois essas podem estar alimentando o comportamento viciante.
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